sábado, 23 de julho de 2011

Epifania

A poesia não precisa
Ter compromisso com o incessante vício
De ao amor falar com franqueza

A poesia não precisa ser romanticamente bonita
Ou automaticamente submissa, ainda que para isso
Existam fortes tendências

A poesia pode ser agressiva, pode pensar por si só
E assim ganhar uma nova vida
Cheia de páginas e pó

A poesia lunar, gatuna, libertária
Uivante, vulgar e maquiada!
A poesia ingênua, pueril, infantil
A poesia ousada, transfigurada, repaginada...

Onde estão elas, agora?

A poesia acompanha o pinga-pinga
Da chuva, sobre os guarda-chuvas
Acompanha a xícara de café
Tomada na padaria da esquina, em pé

Acompanha o pão quentinho
Descobre o menino dormindo
Acompanha a moça que sai do banho
Acompanha você, ao cair em sonho

A poesia se equilibra
Entre realidade e fantasia

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