Nasceu uma bolha no meu pé.
Pronto.
Motivo para mancar.
Percebi que havia algo estranho na segunda-feira. Estava de botas, com duas meias, tirei uma, durante o dia, mas só fui perceber que meu pé estava inflamado, à noite. Havia uma camada vermelha bem próximo dos dois últimos dedos: o que a gente sempre bate em qualquer lugar e o seu companheirinho do lado...rsrsrs...
Terça-feira, manquei o dia todo. Era impossível colocar o pé inteiro no chão. Então, andei o dia todo apoiada na perna direita, para me segurar no ônibus, para ficar parada esperando qualquer coisa. Encontrei minha mãe por acaso, em Pinheiros. Estava esperando para atravessar a avenida e minha mãe estava num ônibus que parou à minha frente. Bati na porta, o motorista abriu e ela desceu. Assim. O jargão veio mesmo a calhar: "se tivéssemos combinado...". Na volta, pegamos um trânsito violento. Os caminhões estão proibidos de trafegar pela BR e estão cortando caminho por dentro da cidade = 2 horas no ônibus, em pé, com uma bolha, também no pé. (: Quando cheguei em casa, tomei um banho demorado... (tenho vergonha de assumir isso) e fui para meu quarto. Para minha surpresa, havia uma camada diferente de pele entre os dedos. Não tive dúvidas: pus, inflamação... fiz um pequeno furinho e o resto já se pode imaginar.
Quarta-feira, véspera de feriado e o pé desse jeito. Só coisa boa...
Entrei no ônibus e fui para o fundo. As pessoas em pé, administrando o espaço que já era limitado. Tentei ficar entre duas mulheres. Enquanto isso, essas "guardiãs" dos bancos que em um futuro não muito distante, as acomodariam, não fizeram questão de me ceder um espacinho. Então, durante todo o caminho, fiquei ali, espreitada entre duas mulheres de 1.60. Foi até engraçado. Existiu ali uma questão de "defender o que é meu"...
Hoje, tiro o aparelho dos dentes, em partes corrigiu algumas imperfeições, como alguns dentes tortos que tem origem genética, mas... estou com a mordida cruzada: o que me faz algumas vezes não conseguir abrir a boca por completo e quase sempre ouço alguns estalinhos enquanto mastigo, no maxilar, do lado direito. É constrangedor e me sinto mal, por isso. Espero resolver em breve.
***
Fiquei pensando enquanto estava mancando pelos percursos diários na questão do diferente. Aqui, o diferente com necessidades especiais (termo politicamente correto e aceito há pouco tempo). A pessoa de cadeira de rodas, a pessoa que usa muletas... a lista é grande - fiquei pensando em como a cidade não está preparada para dar suporte e atender às necessidades da população. As calçadas são desniveladas, os sinais são rápidos para os pedestres, diferente para os carros. E por falar em motoristas e pedestres... uma falta de educação generalizada e humanidade, em alguns casos... todo mundo age com o pensamento em cuidar do que é seu. Estão certos, se pensarmos no que o discurso que nos é imposto a vida toda.
Me lembro que em 2008, enquanto esperava minha carona diária, em um dia de chuva e trânsito, ajudei 5 cegos a atravessar uma rua paralela à BR. Contei 5 em um dia que fiquei ali. Poucas são as pessoas que prestam atenção nisso e ajudam.
Como dizem, atitudes são como árvores. Vamos plantando e um dia teremos um mundo mais verde.
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