terça-feira, 19 de abril de 2011

Entre Eros e Psique - uma análise



Psique desobedece Eros para ver sua face



"A porta se abrirá lentamente e eu verei o que tem detrás".
(BEAUVOIR, Simone de. A mulher desiludida. Rio de Janeiro: O Globo, 2003. p. 190)

Os contos dizem muito mais sobre uma sociedade do que imaginamos.

Um texto interessante de Marilena Chauí sobre o maravilhoso e fantástico mundo dos contos de fadas, a repressão ao imaginário infantil, à sexualidade que torna a criança de hoje "tonta e bem-intencionada".

E claro, "a verdade" por trás dos contos de fada que é distanciada de nós quando crianças e que só despertamos para o tema quando crescemos ou sentimos vontade de "desvendar".


Vale a pena conferir, pois um assunto dá margem a outro e outro e outro...

P.S.: Agora consigo entender porque muita gente não consegue acompanhar as aventuras de Macuinaíma sem estranhar muito  ou simplesmente "não tem saco" para ler e se envolver.

;)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Despreocupa-se e pensa no essencial

Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente
Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista
Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda
Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes
Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando quer
Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga
Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema
Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você
Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda


Gerânio branco


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Na multidão

Sabe aquele aperto que bate forte no peito quando você pensa na limitação de todo ser vivente desta dimensão?

Em pensar que você nasceu em determinada família, em determinada época, em determinado país... Tem uma rotina diária e fala a língua nativa e tem seus pensamentos cultivados a partir das vivências e experiências com as pessoas que você teve ou tem contato?

É arrepiante quando você se dá conta disso... É uma sensação que surge de tempos em tempos, mas você consegue se lembrar exatamente em que momento aconteceu e sabe descrever o mesmo sentimento que toma conta de você, sempre que se lembra e tudo isso se passa em uma fração de segundos na sua mente.

Você pensa em todas as religiões e culturas que tentam explicar a origem do universo e da vida do homem na Terra, sobre os milhões de anos em que existem os planetas e quanto tempo o sol continuará trazendo vida para esse sistema... Vão te fazer em suma se sentir mais confiante e tranquilo em relação à essa passagem e vão te fazer entender e aceitar alguns dos fatos que provavelmente o deixariam aturdido e descompassado e o fariam enlouquecer, no mínimo.

Você pensa no passado e no presente e tenta ligar esses pontos com o que você tem “para hoje”...

E em pensar que todos que você ama e todos os que você gostaria de amar... Todos, inclusive você e eu... Um dia vamos enfim, para o além.

Com certeza, vem aquela pergunta imediata: “mas e depois?" O que fica?
-Um livro? Um filho? Uma árvore? Um pensamento?

Você pensa em tudo o que a humanidade constrói e julga ser eterno... Tudo isso pode ser desconstruído por um infeliz, ou um grupo de infelizes, por um desastre natural ou pode ser melhorado ou compreendido de outra maneira.

Essas questões surgem em determinadas épocas, em determinados momentos em que você gostaria de se concentrar naquilo que é efêmero, naquilo que é pragmático... Mas esse sentimento permanece mais do que você mesmo suportaria e quando você fica exausto e se rende a ele... Ele, por sua vez, se vai...

E por próprios mecanismo e iniciativa do sistema nervoso, você retorna às suas atividades do cotidiano, ao seu bairro, novamente, enfim, a tudo aquilo que você é e que te cerca, que muitas vezes não se dá conta e que está em constante mutação...

Esse é o abismo para qual sou arrastada toda vez em que penso sobre o mistério que envolve a vida.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Melhor Lugar

"Quem disse que a gente precisa
Perder um ao outro pra se encontrar
Se nada nos prende ao passado
Não é o futuro que vai separar

Enfim
Encosta teu barco em mim
Que o sol já se pôs
A sós
O mundo termina
Na fina fronteira dos nossos lençóis
Em nós
Espalham-se os laços
Desfazem-se os nós"

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"Não há força na terra mais poderosa que a vontade de viver". (Aron Ralston)

127 Hours

Já faz um tempo que vi esse filme, mas de vez em quando me recordo porque fiquei tão comovida:
Muito enredo, poucos efeitos, muitas recordações, história real, aventura, vida, drama, monólogos incríveis, muito terror, perturbações, surpresas e ...

E de verdade?

Às vezes, parece que a vida é perfeita como está...
E aí, vem a hora do teste... e que teste mais extraordinário o Aron passou...(cabem muitas interpretações neste "extraordinário").

Claro que com o filme, a história ganha notoriedade, mas analisando a situação vivenciada pelo personagem, e depois conhecendo seu verdadeiro protagonista que foi herói de si mesmo, é de abalar as estruturas. Lutou cada momento para sobreviver.

Em pensar que muita gente, ao invés de cortar seu próprio braço e lutar para sair com vida, iria utilizar aquele "canivete chinês" maldito para se degolar ou então, ficaria ali, até apodrecer, ou seja, se entregaria...

Quanta gente não desiste?

Isso é fato. Claro que não é necessário fazer pesquisa, mas é algo a se interiorizar, como aquela frase que quando éramos crianças gostávamos de dizer:
"No lugar dele, o que você faria?"...

O gelo na espinha percorre... e só existe você...

A sensação que tive foi maravilhosa.
Realmente, mexeu com minhas ideias.

Essa história ainda vai render "ótimos" best sellers: Como ganhar mais dinheiro em 127 horas (um exemplo...rs...).

É possível extrair muitas informações, como:
-Nunca compre um canivete chinês.
-Sempre avise para alguém próximo onde você está indo. Ainda mais, se for sozinho.

Aron Ralston
Para mim, foi bom demais...vai muito além de superação, de sobrevivência...ainda é algo além...acho que nem mesmo o próprio Aron conseguiria explicar, tamanhas dores e forças que sentiu e precisou para sair de lá. Entretanto, acredito que talvez o título deste texto pincele algo a respeito do que ele viveu...

Crescimento e vida longa!

P.S.: "Que isso nunca aconteça com você..."


quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma tragédia grega

(...) - O MENSAGEIRO - Mas o mais doloroso de tudo te escapa: ao menos terás sido poupado do que vi. Apesar de tudo, na medida em que minha memória o permita, saberás o que sofreu a infortunada. Assim que transpôs o vestíbulo, furiosa, ela corre em direção ao leito nupcial, arrancando-se os cabelos com as duas mãos. Entra e violentamente fecha a porta atrás de si. Então chama o nome de Laio, morto há tantos anos; evoca "o filho que outrora ele lhe deu e por quem ele próprio pereceu, para deixar a mãe, por sua vez dar a seus próprios filhos uma sinistra descendência". Ela geme sobre o leito "onde, miserável, gerou um esposo de seu esposo e filhos de seu filho!" Ignoro como ela morreu em seguida, pois nesse momento Édipo, urrando, surge no meio de nós, impedindo-nos de assistir ao fim dela: então só tivemos olhos para ele. Ele vai de um lado para outro, em volta do nosso grupo, suplicando que lhe dêem uma arma, perguntando-nos onde poderá encontrar "a esposa que não é sua esposa, mas que foi um ventre materno para ele e para seus filhos". Nesse momento um deus certamente dirige seu futuro, pois não foi nenhum dos que o cercavam comigo. Subitamente, ele lança um grito terrível e se precipita, como que conduzido por um guia, sobre os dois batentes da porta, faz saltar o ferrolho da fechadura, e corre para o meio da praça... A mulher está enforcada! Está ali, diante de nós, estrangulada pela corda que oscila do teto... Ao ver esse espetáculo, o infeliz emite um gemido terrível. Ele desamarra a corda, e o pobre corpo cai ao chão... O que se viu então foi um espetáculo atroz. Arrancando os colchetes de ouro que ornavam as vestes da rainha, ele os ergue no ar e os enterra nos próprios olhos. (...)".

Édipo Rei, de Sófocles.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Proporções

Um pouco de poesia
Não faz mal ao cerebelo

Um pouco de ventania
Não faz mal ao cabelo

Um pouco de calmaria
Faz muito bem ao pesadelo

Um pouco de companhia
Complementa o indispensável zelo

Muita sintonia
Muita sinfonia

Abaixo a baixaria!

Um tanto de simpatia
Nada, nada de covardia

Para que seu viver seja um novelo
Singelo