sexta-feira, 15 de abril de 2011

Na multidão

Sabe aquele aperto que bate forte no peito quando você pensa na limitação de todo ser vivente desta dimensão?

Em pensar que você nasceu em determinada família, em determinada época, em determinado país... Tem uma rotina diária e fala a língua nativa e tem seus pensamentos cultivados a partir das vivências e experiências com as pessoas que você teve ou tem contato?

É arrepiante quando você se dá conta disso... É uma sensação que surge de tempos em tempos, mas você consegue se lembrar exatamente em que momento aconteceu e sabe descrever o mesmo sentimento que toma conta de você, sempre que se lembra e tudo isso se passa em uma fração de segundos na sua mente.

Você pensa em todas as religiões e culturas que tentam explicar a origem do universo e da vida do homem na Terra, sobre os milhões de anos em que existem os planetas e quanto tempo o sol continuará trazendo vida para esse sistema... Vão te fazer em suma se sentir mais confiante e tranquilo em relação à essa passagem e vão te fazer entender e aceitar alguns dos fatos que provavelmente o deixariam aturdido e descompassado e o fariam enlouquecer, no mínimo.

Você pensa no passado e no presente e tenta ligar esses pontos com o que você tem “para hoje”...

E em pensar que todos que você ama e todos os que você gostaria de amar... Todos, inclusive você e eu... Um dia vamos enfim, para o além.

Com certeza, vem aquela pergunta imediata: “mas e depois?" O que fica?
-Um livro? Um filho? Uma árvore? Um pensamento?

Você pensa em tudo o que a humanidade constrói e julga ser eterno... Tudo isso pode ser desconstruído por um infeliz, ou um grupo de infelizes, por um desastre natural ou pode ser melhorado ou compreendido de outra maneira.

Essas questões surgem em determinadas épocas, em determinados momentos em que você gostaria de se concentrar naquilo que é efêmero, naquilo que é pragmático... Mas esse sentimento permanece mais do que você mesmo suportaria e quando você fica exausto e se rende a ele... Ele, por sua vez, se vai...

E por próprios mecanismo e iniciativa do sistema nervoso, você retorna às suas atividades do cotidiano, ao seu bairro, novamente, enfim, a tudo aquilo que você é e que te cerca, que muitas vezes não se dá conta e que está em constante mutação...

Esse é o abismo para qual sou arrastada toda vez em que penso sobre o mistério que envolve a vida.


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